Harvard aumenta participação em ETF de Bitcoin em 257% no 3.º trimestre de 2024

Harvard aumentou a sua participação em ETF de Bitcoin em 257% no 3.º trimestre de 2024, tornando o iShares Bitcoin Trust a sua principal posição divulgada, mesmo com a queda do BTC e as críticas à decisão.

Resumo

• Harvard aumentou a sua posição em ETF de Bitcoin em 257% no 3.º trimestre, com o IBIT a representar agora cerca de 0,75% do fundo de dotação, sendo aproximadamente o dobro da sua posição em ETF de ouro.
• A decisão recebeu críticas de académicos e colunistas devido à volatilidade do Bitcoin, ausência de rendimento, uso limitado como meio de pagamento e elevado consumo energético.
• Analistas de mercado afirmam que a aposta de Harvard surge numa altura em que os ETFs de BTC registam saídas líquidas, muitos detentores têm prejuízos e o agrupamento de opções mantém os traders cautelosos quanto a novas descidas.

A Universidade de Harvard expandiu as suas participações em fundos negociados em bolsa de Bitcoin em 257% no terceiro trimestre de 2024, tornando o iShares Bitcoin Trust a sua maior posição divulgada a 30 de setembro, de acordo com documentos regulatórios.

Simultaneamente, a universidade aumentou as suas participações em ETF de ouro em 99% durante o mesmo período, alocando ao Bitcoin numa proporção de 2 para 1 em relação ao ouro, segundo Matt Hougan, diretor de investimentos da Bitwise.

A posição em Bitcoin (BTC) representa aproximadamente 0,75% do fundo de dotação de Harvard, colocando a instituição entre os 20 maiores detentores do fundo gerido pela BlackRock, de acordo com os dados disponíveis.

A acumulação de Bitcoin pela universidade ocorreu antes de uma correção de mercado que reduziu o valor das participações em criptomoedas. O Bitcoin tem vindo a desvalorizar desde o final do terceiro trimestre, a 30 de setembro.

O fundo de dotação de Harvard registou um retorno anualizado de 8,2% na última década, ocupando o nono lugar entre 10 escolas de elite numa comparação recente. No ano terminado a 30 de junho, a universidade reportou um ganho de 11,9%, ficando atrás de algumas instituições concorrentes.

O professor de finanças de Stanford, Joshua Rauh, afirmou que os investidores veem frequentemente tanto o Bitcoin como o ouro como proteção contra o colapso do sistema monetário internacional e contra a desvalorização do dólar dos EUA. No entanto, salientou que a medida em que qualquer um dos ativos protege os investidores destas forças permanece incerta e dependente do cenário.

A alocação de Bitcoin por parte de Harvard contrasta com avaliações anteriores do seu próprio corpo docente de economia. Kenneth Rogoff, professor em Harvard e antigo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, argumentou anteriormente que o Bitcoin valeria uma fração do seu valor ao longo de uma década se os reguladores eliminassem os usos para branqueamento de capitais e evasão fiscal. Rogoff reconheceu recentemente que a sua avaliação estava incorreta, escrevendo que tinha sido demasiado otimista quanto aos desenvolvimentos regulatórios.

Rogoff afirmou que não previa uma situação em que os reguladores pudessem deter grandes quantidades de criptomoedas sem consequências, dada a possibilidade de conflitos de interesses.

O colunista da MarketWatch, Brett Arends, criticou o investimento como uma “catástrofe ambiental”, salientando que a rede computacional global do Bitcoin consome mais energia anualmente do que alguns países de média dimensão. O professor de Stanford, Darrell Duffie, manifestou surpresa com o investimento, afirmando que o Bitcoin não paga dividendos e tem utilização limitada como instrumento de pagamento.

O Bitcoin registou saídas significativas de produtos ETF nas últimas semanas, segundo dados de mercado. A criptomoeda está a negociar abaixo dos máximos recentes, num contexto de sentimento de mercado enfraquecido.

Arthur Azizov, fundador e investidor na B2 Ventures, descreveu a situação de mercado atual como tendo perdido estabilidade. Referiu um desfasamento em relação aos mercados tradicionais, apontando que os principais índices acionistas subiram substancialmente em 2024, enquanto o Bitcoin caiu ligeiramente.

Azizov afirmou que uma grande parte do Bitcoin está atualmente detida com prejuízo, resultando em pressão vendedora de titulares que procuram sair das posições. Acrescentou que uma grande quantidade de opções de Bitcoin está a expirar em torno de níveis de preços chave, tornando os traders cautelosos. Apenas um movimento forte acima dos limiares recentes poderá restaurar a confiança e abrir caminho para níveis mais elevados, segundo Azizov.