No dia 8 de dezembro, surgiu uma notícia com potencial para mudar as regras do jogo.

A Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC) anunciou o lançamento de um programa-piloto para ativos digitais – a partir de agora, Bitcoin, Ethereum e USDC podem ser usados diretamente como margem em contas de futuros. Não é um projeto para consulta pública, não é uma promessa vaga, é uma política de execução imediata.

O que isto significa? Antes, se quisesses usar BTC como garantia para negociar futuros de petróleo ou contratos de ouro, só podias recorrer a aquelas plataformas offshore em zonas cinzentas. A segurança dos ativos dependia da sorte, e se algo corresse mal numa zona não regulada, nem tinhas a quem te queixar. Agora? Corretores de futuros sediados nos EUA podem aceitar legalmente os teus ativos digitais como garantia, com todo o processo de liquidação e compensação transparente, ativos de clientes protegidos e segregados, e todo o sistema regulatório americano como respaldo.

**Quão ambiciosa é esta medida da CFTC?**

Logo à partida foram aprovados três ativos: Bitcoin, Ethereum e USDC. As outras stablecoins ainda estão à espera de aprovação.

O piloto será implementado por fases — nos primeiros três meses haverá monitorização rigorosa dos dados, com planos para depois expandir a iniciativa a ativos RWA como títulos do Tesouro tokenizados e fundos de mercado monetário. O muro entre as finanças tradicionais e o mundo on-chain está a ser derrubado.

Os requisitos de conformidade para as instituições participantes são bastante rigorosos: é obrigatório entregar relatórios detalhados à CFTC todas as semanas. A supervisão não é para inglês ver — os fluxos de dados estão sob vigilância permanente.

**As plataformas offshore devem começar a preocupar-se**

Quando existe um canal regulamentado e doméstico nos EUA, quem vai querer arriscar e deixar os seus ativos naqueles “sítios que toda a gente sabe”? Para que lado vai fluir a liquidez? A resposta é óbvia. As exchanges no Dubai e Singapura, que antes beneficiaram com as vantagens regulatórias, podem ter de repensar a sua estratégia.

Claro que isto é apenas o início do programa-piloto. Se no futuro será expandido para mais exchanges e categorias de ativos, dependerá dos dados recolhidos nestes três meses. Mas pelo menos uma coisa já ficou clara — os ativos cripto no sistema financeiro tradicional dos EUA deixaram de ser “algo que não pode sair à luz do dia”.